ESTOU de VOLTA!!!! - Belém, Ópera e ... OPERA URBANA

Olá amados leitores deste blog!

Eu passei as últimas três semanas em Belém, no Pará. Cidade onde nasci, morei até a idade de vinte e três anos, tenho amigos e uma enorme e querida família. Fui visitar o meu pai, que me surpreende com sua caduquice-alzheimica-cabocla e sua frágil força física. Ele, meu pai, está em um momento em que o tempo de vida que tem pode ser de uma semana, um mês, ou anos. Quem sabe? Passar esse tempo com meu pai, me fez pensar muito sobre envelhecer e morrer, momentos da vida que espero ter a sorte de saborear com gratidão e com pessoas queridas ao meu lado e cuidando de mim. É impressionante como esquecemos, no apogeu de nossas forças juvenis e maduras, que o quê nos sustenta é o amor que cuida e zela e não as roupas, sapatos, carros, jóias e outros objetos que equivocadamente mudamos de lugar com o nosso sustentáculo.

Mas essa reflexão vai ficar para outro post do blog. Por agora, eu quero contar que em Belém eu fui assistir a uma das óperas que fazem parte do Festival de Ópera do Theatro da Paz que ocorre anualmente entre os meses de Agosto a Setembro. Eu e meu filho Xico assistimos a ópera "A Ceia dos Cardeais" de Iberê de Lemos, compositor Paraense que criou a ópera por volta de 1902. A encenação da ópera aconteceu dentro de uma das mais antigas igrejas da cidade. É absolutamente inquietante ver a encenação de uma ópera com uma orquestra de maestrais e habilidosos músicos nortistas e cantores de grandiosa estirpe lírica dentro de uma cidade onde mais da metade de sua população vive em favelas, ou áreas de invasões. Para dizer desse contraste,  abaixo tem o mini-conto que escrevi depois da ópera sobre a conversa com um motorista de taxi em frente a igreja após a encenação.

ÓPERA URBANA

Oi! Você está livre?

Não. Já acabou a ópera? Foi boa?

Sim.

Não ande por aí. É perigoso!

Você pode me levar?

Tenho que esperar uma dona que foi pra ópera. Se ela não vier eu lhe levo.

Obrigada.

Não ande por aí. Espere aqui. É perigoso!

Tá bom. Espero. Aqui.

Se eu lhe chamar um outro colega taxista você espera?

Espero.

Dona Renata? Oi, é o taxi. Já estou lhe esperando. Estou em frente a ópera.

Vou chamar um pra você. Espere. Não ande. Não vá.

Sim.

Chamei. Chegará rápido. Está na avenida dezeseis. Não se afaste.

Obrigada.

Olha! Chegou! É um hatch.

Espere. Não ande. Não vá. É perigoso!